sexta-feira, 20 de abril de 2007

Sobre ser livre...
Quando se diz que a liberdade de cada um termina quando começa a do outro, o que se procura no fundo é evitar o questionamento do que deve ser a liberdade. A posição limita-se a considerar o seu exercício, sem maiores especulações sobre o que possa ser efetivamente considerado como liberdade. Nessas condições, admite-se como direito de liberdade de um ser, ele realizar tudo quanto queira desde que suas ações não venham a interferir na vida do outro. O que não se admitem são os choques, os conflitos. Desde modo, não teria eu o direito de fazer tudo quanto quisesse desde que não perturbasse a vida de outra pessoa. Sim, o sentido parece este. Mas, seria isso aceitável?
Primeiro, é possível todas as pessoas agirem de tal modo que cada um faça o que quer desde que não afete a vida do outro?
Admitamos, teoricamente, que isso seja possível. Quais seriam as conseqüências?
Ousamos dizer que as conseqüências estariam em que toda vida humana seria perturbada. Como pretender não afetar a vida do outro se naturalmente nossas vidas são afetadas umas pelas outras? Depois não basta admitir a liberdade de um em separado a liberdade de outro, uma vez que faz parte legitima da liberdade de cada um esperar do outro aquilo que lhe é devido, ou seja, não é possível escamotear o fato de que uns tem para com os outros deveres recíprocos. O homem é de fato um animal social. Desta forma não podemos esperar que realize um plano de sua liberdade a não ser dentro de um contexto social. A sua liberdade é na verdade é uma co-liberdade. Ele a constrói em espírito de comunidade, dentro de um sentido de co-participação.
(Eduardo Mendonça- A construção da liberdade)
Adaptação: Rômulo Ferreira e Douglas Estanislau

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